A viúva de Domingos Montagner, Luciana Lima, falou pela primeira vez sobre como recebeu a notícia da morte do marido, em setembro do ano passado, e sobre o processo de recuperação da família desde então. Em entrevista à revista Marie Claire seis meses depois do acidente, a atriz e artista circense detalhou o trágico dia, que comoveu o país. “Não acompanhei as redes sociais, onde o desaparecimento era assunto desde as 14h. Quando deu umas 15h, o empresário dele me ligou, eu estava no galpão. Senti um tom preocupado em sua voz. Aí começou o processo”, contou ela.
Luciana ligou para a escola em que os filhos mais novos estudam para que eles saíssem mais cedo. “O mais velho estava em casa. Assim que cheguei, disse a ele o que estava acontecendo, e ele respondeu: ‘Não vai acontecer nada, meu pai sabe nadar e não pode ir contra a correnteza. Vai se deixar levar, alguém vai encontrá-lo’. Concordei e pedi para não entrar em redes sociais. Perto das 18h, chegaram os pequenininhos – muitos amigos nossos já estavam ali conosco. Expliquei o que acontecia. O do meio começou a chorar, depois o menor. Mônica Albuquerque, diretora de produção da Globo, ligou pouco depois e disse: ‘Lu’. Nesse ‘Lu’, eu senti. ‘Você não tem uma boa notícia para mim?’, perguntei. Ela disse que não”, concluiu.
Juntos desde 1999, o casal teve três filhos: Léo, de 13 anos, Antônio, de 10, e Dante, 6. O processo de recuperação depois da perda, de acordo com ela, é lento. “É um exercício. Estamos ressignificando os lugares que frequentávamos com ele, alimentamos memórias. Mas as crianças assimilam a perda de outra maneira: o agora é mais importante do que o amanhã”. Luciana afirmou que o papel das crianças é fundamental no cotidiano da família: “É o imediatismo deles que me sustenta. Estamos aprendendo a viver nessa configuração de família”, desabafou.
Luciana e Domingos se conheceram em Natal, cidade onde ela nasceu, quando ele passou 15 dias na cidade para apresentar um espetáculo. “Fiz o receptivo da companhia durante o evento. Eu era integrante de um grupo de teatro, o Clowns de Shakespeare. O Domingos ficou 15 dias por lá, tempo suficiente para a gente trocar umas figurinhas. Depois, voltou para São Paulo e namoramos quase um ano a distância. Fui me envolvendo, me inteirando sobre o universo do circo e aquilo me deu ‘coceira’. Mudei para São Paulo em novembro de 2000, quando a linguagem circense estava entrando no cenário teatral”, revelou.
Agora, a artista planeja a comemoração dos 20 anos da companhia fundada pelo marido, La Mínina, junto com Fernando Sampaio. Segundo ela, será uma homenagem: “O acidente abriu aquele buraco e ficamos sem chão. Ainda é muito turvo o que vivi nas primeiras semanas, mas em nenhum momento passou pela minha cabeça desistir. À medida que o tempo foi passando, as coisas ficaram mais claras. Um mês depois, já comecei a pensar nos 20 anos da companhia junto com o Fernando. Estávamos conversando e ele ficou todo sem jeito de me perguntar o que faríamos. Entendemos que não dava para parar. A celebração virou uma homenagem ao Domingos”.